"Nós consumidores, parecemos sempre estar 'assanhados' e 'sedentos' pelo prestígio que as mercadorias conferem". (Contardo Calligaris)
O Consumismo reflete dificuldades em fazer escolhas a longo
prazo. Necessidade de prazeres efêmeros explica necessidade de comprar.
Geralmente esse desejo aparece fortemente na infância ou talvez na
pré-adolescência: quem não se lembra da sensação de querer completar um álbum
de figurinhas? Alguém se lembra de como era até estranhamente frustrante, de
certa maneira, colar a ultima figurinha do álbum? Agora qual seria a próxima
brincadeira?
Vemo-nos
frente a um paradoxo: um grande leque de
objetos oferecidos pela indústria de consumo para, possivelmente, dar vasão
a desejos e fantasias, e um leque
proporcional de pacientes viciados em consumir e muito endividados.
Freud percebeu que
somos seres do desejo e não da necessidade. Estamos
sempre em busca de satisfazer nossos desejos e fantasias - Para quem usar?
Para quem mostrar? Assim notamos que não é o objeto que possui o valor em si,
mas sim o valor que cada pessoa veste ou reveste no objeto.
Não serei simplista
dizendo que as pessoas compram porque lhes faltam amor, carinho, amigos. Nem culparei os cartões de credito que
possibilitam as dívidas,
Entendo
que a grande vilã da historia seja a
dificuldade em fazer escolhas que nos capacite ter prazer a longo prazo. Em
outras palavras é a impossibilidade de
evitar o prazer imediato. Vivemos em uma sociedade que nos faz convites
ininterruptos a um vício lícito - o consumir.
E
o que a psicanálise tem a oferece perante esse quadro?
Assim
como em relação a outros temas, nós
psicanalistas temos como objetivo mostrar ao paciente as fantasias e desejos
inconscientes que revestem suas escolhas. Isso significa demonstrar ao paciente quais foram as
estratégias por ele usadas para transferir e continuar transferindo aos outros
o peso de suas escolhas. Partimos do principio que a análise leva o
paciente a se responsabilizar pelas suas escolhas.
É
inegável que consumir é muito gostoso, mas, escolher o que e quando consumir
evita a dependência e a escravidão e isso se estende a relacionamentos
amorosos, de amizade e por aí afora. A
saída está em saber escolher o que vai se fazer diante disso e se reinventar.
Pode parecer estranho, num primeiro momento, mas é extremamente libertador.
Fonte: Minha Vida por psicanalista Anna Hirsch Burg
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